sábado, 31 de outubro de 2015

José Afonso - Baladas e Canções LP_1964



  • Canção Longe

  • Os Bravos

  • Balada Aleixo

  • Balada do Outono

  • Trovas Antigas

  • Na Fonte Está Lianor

  • Minha Mãe

  • Altos Castelos

  • O Pastor de Bensafrim

  • Canto da Primavera

  • Elegia

  • Ronda dos Paisanos






  • quarta-feira, 7 de outubro de 2015

    Mariza - Paixão





    Primeiro vídeo do novo álbum, "Mundo", com edição a 9 de Outubro.
    --
    First video of the new recordo, "Mundo", to be released on October 9.

    Música/Music - Jorge Fernando
    Produtora/Producer - Garage Films
    Realizador/Director - Ernesto Bacalhau

    Carlos de Oliveira_Descrição da guerra em Guernica


    Descrição da guerra em Guernica

       
    I

    Entra pela janela
    o anjo camponês;
    com a terceira luz na mão;
    minucioso, habituado
    aos interiores de cereal,
    aos utensílios
    que dormem na fuligem;
    os seus olhos rurais
    não compreendem bem os símbolos
    desta colheita: hélices,
    motores furiosos;
    e estende mais o braço; planta
    no ar, como uma árvore,
    a chama do candeeiro.


    II

    As outras duas luzes
    são lisas, ofuscantes;
    lembram a cal, o zinco branco
    nas pedreiras;
    ou nos umbrais
    de cantaria aparelhada; bruscamente;
    a arder; há o mesmo
    branco na lâmpada do tecto;
    o mesmo zinco
    nas máquinas que voam
    fabricando o incêndio; e assim,
    por toda parte,
    a mesma cal mecânica
    vibra os seus cutelos.


    III

    Ao alto; à esquerda;
    onde aparece
    a linha da garganta,
    a curva distendida como
    o gráfico dum grito;
    o som é impossível; impede-o pelo menos
    o animal fumegante;
    com o peso das patas, com os longos
    músculos negros; sem esquecer
    o sal silencioso
    no outro coração:
    por cima dele; inútil; a mão desta
    mulher de joelhos
    entre as pernas do touro.


    IV

    Em baixo, contra o chão
    de tijolo queimado,
    os fragmentos duma estátua;
    ou o construtor da casa
    já sem fio de prumo,
    barro, sestas pobres? quem
    tentou salvar o dia,
    o seu resíduo
    de gente e poucos bens? opor
    à química da guerra,
    aos reagentes dissolvendo
    a construção, as traves,
    este gládio,
    esta palavra arcaica?


    V

    Mesa, madeira posta
    próximo dos homens: pelo corte
    da plaina,
    a lixa ríspida,
    a cera sobre o betume, os nós;
    e dedos tacteando
    as últimas rugosidades;
    morosamente; com o amor
    do carpinteiro ao objecto
    que nasceu
    para viver na casa;
    no sítio destinado há muito;
    como se fosse, quase,
    uma criança da família.


    VI

    O pássaro; a sua anatomia
    rápida; forma cheia de pressa,
    que se condensa
    apenas o bastante
    para ser visível no céu,
    sem o ferir;
    modelo doutros voos: nuvens;
    e vento leve, folhas;
    agora, atônito, abra as asas
    no deserto da mesa;
    tenta gritar às falsas aves
    que a morte é diferente:
    cruzar o céu com a suavidade
    dum rumor e sumir-se.


    VII

    Cavalo; reprodutor
    de luz nos prados; quando
    respira, os brônquios;
    dois frêmitos de soro; exalam
    essa névoa
    que o primeiro sol transforma
    numa crina trémula
    sobre pastos e éguas; mas aqui
    marcou-o o ferro
    dos lavradores que o anjo ignora;
    e endureceu-o de tal modo
    que se entrega;
    como as bestas bíblicas;
    ao tétano, ao furor.


    VIII

    Outra mulher: o susto
    a entrar no pesadelo;
    oprime-a o ar; e cada passo
    é apenas peso: seios
    donde os mamilos pendem,
    gotas duras
    de leite e medo; quase pedras;
    memória tropeçando
    em árvores, parentes,
    num descampado vagaroso;
    e amor também:
    espécie de peso que produz
    por dentro da mulher
    os mesmos passos densos.


    IX

    Casas desidratadas
    no alto forno; e olhando-as,
    momentos antes de ruírem,
    o anjo desolado
    pensa: entre detritos
    sem nenhum cerne ou água,
    como anunciar
    outra vez o milagre das salas;
    dos quartos; crescendo cisco
    a cisco, filho a filho?
    as máquinas estranhas,
    os motores com sede, nem sequer
    beberam o espírito das minhas casas;
    evaporaram-no apenas.


    X

    O incêndio desce;
    do canto superior direito;
    sobre os sótãos,
    os degraus das escadas
    a oscilar;
    hélices, vibrações, percutem os alicerces;
    e o fogo, veloz agora, fende-os, desmorona
    toda a arquitectura;
    as paredes áridas desabam
    mas o seu desenho
    sobrevive no ar; sustém-no
    a terceira mulher; a última; com os braços
    erguidos; com o suor da estrela
    tatuada na testa.



    Carlos de Oliveira

     
     


    Carlos de Oliveira_Nas colinas de António Machado




    Nas colinas de António Machado




    I

    Na crista das colinas
    sem neve, a pedra; o seu esmeril;
    aguça mais a luz:
    como dormir
    com estas flechas
    brancas na memória?
    flechas de catedrais;
    como esquecer
    este rumor de vidro e algodão
    no céu? poema escrito
    entre uma aresta e um gume,
    entra nas veias, fere:
    agulha de morfina fria;
    como arde este cristal?


    II

    Fogo, fulgor
    das veias fatigadas
    subindo à pedra; à luz;
    à neve
    por cair;
    estrutura imóvel refractando
    que chama interior?
    petrificando que mineral humano
    apenas esboçado?
    nenhuma eternidade
    se concebe melhor;
    nenhuma estrela;
    nenhum fulgor perseverante
    como o deste cristal.


    III

    As nuvens descem;
    ou o paradouro sobe da colina, da prata;
    colina plateada; ou voga
    no ar o tuinal
    ainda turvo; ou a pré-atmosfera
    do sono se anuncia
    no halo inquieto
    onde a neve começa
    a ganhar peso
    pouco a pouco; ou piso-a já
    fechando os olhos: ou o seu filtro
    me purifica; ou nada disto: o feltro
    da insónia apenas; a polir
    por dentro este cristal.


    IV

    Move-se a esfera,
    quase imperceptível; pedra aérea:
    colinas ascendendo
    em torno de mim,
    eixo do mundo; mais veloz,
    a rotação arrasta as lâminas da luz,
    tritura-as, espalha-as
    como chuva
    num esplendor de fósforo; afinal,
    a neve é isto: pedra
    em flocos; o seu brilho de mica;
    o seu regresso à terra; quando
    o movimento cessa e coalha
    o som deste cristal.


    V

    Nenhum revérbero
    agora; superfície,
    serenidade; mas
    na coroa circular, melhor, no horizonte
    de rocha, pulsa ainda
    um fogo fátuo:
    xisto, sílica, trazidos
    de minas profundíssimas; e nele
    a cinza à espera
    do vento árido, sem pólen,
    que fende o céu
    esterilmente: cálice vazio;
    ou cheio de silêncio; mas
    cálice, cristal.


    Carlos de Oliveira

    sexta-feira, 2 de outubro de 2015

    The Best of the Doors Full Album



    00:00 - Riders On The Storm 07:15 - Light My Fire 14:21 - Love Me Two Times 17:37 - Roadhouse Blues (Live) 22:11 - Strange Days 25:19 - Break On Through 27:47 - Five To One 32:14 - Moonlight Drive 35:16 - Alabama Song 38:36 - Love Her Madly 41:55 - People Are Strange 44:06 - Touch Me 47:19 - Back Door Man 50:53 - The Unknown Soldier 54:16 - L.A. Woman 1:02:07 - Hello, I Love You 1:04:23 - The End