segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Graça Pires_Inês, o meu nome


13.2.17


Inês, o meu nome

CNB

Para sempre o teu olhar interdito. O teu rosto sombrio.
O teu corpo clandestino de mim. Para sempre.
Com que sopro, diz, incendiaste, em meus cabelos,
a luz, tão frágil, do primeiro orvalho da manhã?
Que contenda feriu a clareira de teus braços
onde morri quantas vezes eu pude renascer?
Como silenciar o prazer se ajustaste nele
a prematura paixão de tuas mãos?
Talvez este alvoroço de passos em dança,
em grito, em desespero nos mostre
como errámos todos os voos que rasgaram
o excessivo azul das noites mais perfeitas.
Pelas fendas da morte te escuto agora.
Procuro, no intenso fulgor de teus olhos,
a nitidez da água, antecipando as lágrimas
e só encontro a sede de bicho selvagem que te suplicia.
É de rosas, eu sei, o aroma que acoitas no meu nome.

Graça Pires
In: A CNB e os Poetas, 2016, p. 7
Poema feito em out. 2015 depois de ter assistido ao bailado Pedro e Inês, coreografado por Olga Roriz, a convite da direcção da CNB, através de João Costa.   

3 comentários:

  1. Obrigada, meu amigo pela divulgação.
    Um beijo.

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  2. fora outro o mainstream cultural e o nome de Graça Pires estaria entre os nomes mais prestigiados da Poesia e Literatura portuguesa.

    abraços (para os dois)

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